Recordar é viver

Quem nunca tomou o famoso leite ninho? Até quem não gosta, assim como eu, já pelomenos ouviu falar e com certeza ja viu sua propaganda em algum momento. Essa propaganda entretanto, deve ser dos anos 70-80 e me chamou a atenção por ser muito diferente das propagandas de hoje. Em termos técnicos a qualidade do papel e da impressão é bem inferior, o que é perfeitamente compreensível pela idade da propaganda. Já em termos conceituais. ela tem muito mais texto do que atualmente, o que exige um esforço e tempo maior do leitor para ver e compreender a propaganda por completo.

Hoje em dia isso não acontece porque, de lá pra cá, a dinâmica social mudou. As pessoas vivem com muito mais pressa do que nos anos 70 -80, o estresse é muito maior e as exigências para se cumprir prazos em limites curtos de tempo aumentaram.  A ampla propagação da internet contribuiu para isso pois, através dela, tomam-se decisões que muda toda a rotina de uma empresa ou consultório em questão de minutos e a pessoa deve sempre estar preparada para isso.

Antigamente, então, a função não-verbal da propaganda era chamar a atenção do leitor, que tinha tempo para parar e ler toda a propaganda. O trabalho criativo do publicitário era, por isso, menos exigido pois falava-se muito com os textos. Hoje em dia, por outro lado, os elementos não-verbais de uma propaganda devem chamar a atenção e informar o leitor sobre o produto. O trabalho criativo do publicitário foi então super valorizado, assim como sua capacidade de síntese.

A sociedade muda conforme as mudanças no processo produtivo e cabe ao profissional se adequar a essas mudanças. No caso do publicitário, não basta apenas aprender a manusear novas tecnologias e programas, ele tem que perceber as mudanças comportamentais da sociedade em que vive, para criar suas propagandas de forma coerente e aceita pelo público. Analisar as mudanças sociais não é mais uma questão  acadêmica de teóricos e filósofos, mas uma necessidade de um bom profissional.